A minha vida aqui tem sido sempre +/- aquilo que já sabem diariamente. Levantar cedo, trabalhar, casa do primo, conversa/tv, cama. É +/- isto. Só que aqui há problemas de ordem prática do dia-a-dia que fazem com que todos os dias sejam diferentes. Coisas que nós aí nem sequer pomos como possíveis e que mesmo pondo não nos apercebemos do quão dependentes estamos de coisas básicas como água ou electricidade. Aqui toda a gente é independente energeticamente. Mesmo que se viva num prédio, toda a gente tem o seu gerador individual, assim como o seu depósito de água e bombas. Imaginem agora o espectáculo que é as traseiras de um prédio com esta parafernália de equipamento!!... E sim depósito de água. Aqui as coisas nesse aspecto também não funcionam como aí. Aqui a rede de água é uma brincadeira. Existem muitas zonas onde ela não existe. E mesmo quando existe é com pouquíssima pressão, o que obriga a que haja uma bomba que puxe a água para um depósito. Depois tem de haver outra bomba que eleve a água do depósito até à cota onde o andar se encontra, entregando-a num outro depósito. Finalmente existe outra bomba que faz circular a água na rede de cada apartamento! A rede eléctrica é outra miragem aqui. A luz falha constantemente, o que obriga a existência de um gerador. Um gerador, como motor que é, precisa de combustível para funcionar e como qualquer motor, faz barulho!!
Imaginem agora o chavascal que é quando estão todos ligados!!! Ou seja, equipamento obrigatório para quem vive num prédio é logo à partida: 2 depósitos, 3 bombas, 1 gerador. Mas mais “engraçado” que isso é a quantidade de combustível que todos nós somos obrigados a gastar aqui diariamente. Já nem vou pelo preço que é ridiculamente barato, mas a dependência energética de combustíveis fosseis deste país é uma coisa estúpida.
Aquilo que nós em Portugal não estamos habituados, é o que é que quer dizer falta de energia eléctrica. Quando muito é um bocado incómodo por ficarmos às escuras, mas nada que uma vela não resolva. Aqui as coisas são um pouco mais complicadas que isso.. Aqui se falha energia eléctrica falha basicamente tudo: água, banho, electrodomésticos, tv, ar condicionado, etc etc etc. E aqui a maioria desses equipamentos são basilares para o dia-a-dia. Basicamente se não houver AC não se consegue dormir. Não dormindo bem, não se consegue trabalhar bem. Sem frigorífico não se tem opções viáveis para conseguir comer, visto o preço das refeições ser aquilo que já sabemos. Sem a bomba a funcionar não se consegue tomar banho, o que em qualquer parte do mundo é “obrigatório” mas aqui, pela humidade, é bem mais! Como se isto só por si não bastasse ainda temos de nos preocupar constantemente com o combustível para alimentar o gerador. Todas estas preocupações são do dia-a-dia conjuntamente com as preocupações do trabalho. Neste momento na minha casa, estou com um problema no meu gerador. Estragou-se! Ainda por cima num feriado em que qualquer técnico se recusa a vir arranjar. A rede eléctrica, essa já falta há mais de uma semana. Depois de muitas tentativas de ligação por cabo entre a bateria do gerador e a do meu carro, de trocas de baterias, de verificações de óleo, etc etc etc, decidiu-se arrumar com o assunto! Por sorte havia um outro gerador, mais pequeno que está inutilizado por fazer um basqueiro impossível de aturar e por não carregar a bateria. Mas não havia opção! Lá o pusemos a funcionar. Por ser mais pequeno tem menos potência, o que quer dizer que não aguenta picos de arranque. Ou seja, não há ar condicionado na sala. Aguenta-se 10 min sem a porta da rua aberta. Ao abrir a porta da rua quem é que entra sem ser convidado? Todos os mosquitos que quiserem! Espectáculo! Ainda por cima o ar quem vem da rua é pco mais fresco que aquele que já lá está dentro!
Mas… Nem tudo é mau aqui! Começo a aperceber-me das coisas bonitas que este continente tem. Este fds fui à ilha do Moussulo. Por ser uma ilha, naturalmente tem que se ir de barco. No cais (perto de minha casa) é a confusão total. Não há “carreiras” organizadas (deu para rir esta). Ali dizes que queres ir para o tal local e eles respondem q sim ou q não. A ilha ainda é bastante grande e por isso eles tentam organizar pessoal que vá +/- todos para o mesmo sitio. Feito o grupo são 10 min de “zebro” até lá. O Moussulo é um espectáculo. Palmeiras, areia fina, água pco fria, tempo quente. Lá praticamente não há nada e o pco que existe é a preços ainda mais exorbitantes! Por isso, o pessoal leva tudo de Luanda no tal barco. A casa para onde fui é tipo um “mini resort abandonado” em que o barco vai mesmo ter à porta. Ou seja, quando a maré está cheia estamos rodeados por água. É engraçado! Passei lá uma noite com o Luís e os amigos dele. Para variar lá não existe rede de água nem gerador, por isso quando queríamos ir por exemplo à casa de banho tínhamos de encher o balde com água do rio. Mta nice! A noite passou-se entre conversa, brincadeira e poker. Fui eu quem ganhou. O prémio foi 120€. Não foi muito, deu para pagar o fds. O que já não foi mau! LOL.
Aos poucos começo a habitar-me à ideia de aqui estar. As coisas do dia-a-dia deixam de fazer tanta confusão. Basicamente é uma questão de hábito.
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1 comentário:
Grande amigo Pedro, alegra-me ver que começas habituar-te à tua vida "africana".
O contraste entre esse pais e o nosso deve de ser tão grande que o primeiro impacto deve de ser chocante. Mas acredito que com o tempo vais começar a habituar-te e em menos de nada sentes-te em casa.
Antes de partires para Angola disse-te por várias vezes que não te identificava muito com essa "aventura" e que possivelmente não ias gostar e acho que com os comentários que tens feito eu sempre tinha razão. Mas de qualquer forma com o passar do tempo espero que seja eu a estar enganado, e que tu te sintas muito bem por aí.
Aqui por Portugal tudo na mesma, com excepção de estarmos praticamente em Dezembro e o tempo continuar com uma temperatura bastante amena (nada normal para esta altura do ano).
Um grande abraço para ti e vê se vais dando notícias mais frequentemente no blog. É sempre bom ter noticias tuas.
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